sábado, janeiro 28, 2006

E na solidão em Speranza...

"Aqui me tornei, pouco a pouco, num gênero de especialista do silêncio, melhor diria: dos silêncios. Com todo o meu corpo tenso como grande orelha, aprecio a qualidade particular do silêncio em que me banho.
Há silêncios aéreos e perfumados como noites de junho na inglaterra, outros têm consistência glauca do lameiro, outros, ainda são duros e sonoros como o ébano. Até chego a sondar a profundidade sepulcral do silêncio noturno da gruta com uma volúpia vagamenta nauseada que me inspira certa inquietação. Já durante o dia, não tenho para me prender à vida uma mulher, filhos, amigos, inimigos, criados, clientes, que são outras tantas âncoras fincadas à terra.
Porque será ainda necessário que, no coração da noite, me deixe para cúmulo afundar tão longe e tão profundo no escuro? Talvez aconteça um dia que eu desapareça sem rastro, aspirado pelo nada que terei feito nascer a minha volta. "
Michel Tournier - Sexta-feira ou os limbos do pacífico. log-book, pg. 75

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Eu sou um Charge

Num desses testes toscos que rolam na net você poderia escolher um chocolate preferido e depois descobrir sua personalidade (já pensou, quem precisa de psicologia???).
Pois confiram o meu resultado... e os amigos que dão a força aqui pro blog não ficar jogado 'as baratas, podem confirmar se sou um charge mesmo ou não hauhauahuahauhau
Tentei colocar o teste aqui, mas não deu.
Charge: gozador(a), bem-humorado(a). Todo mundo gosta da sua companhia porque você é agitador(a). Você gosta debrincar com tudo e com t odos, e ama quando os outrosfazem o mesmo com você. Embora algumas pessoas teolhem com reserva, você é um(a) amigo(a) pra vidainteira. Sua maior qualidade é a fidelidade.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Uma das questões que assolam a sociedade "muderna" é o mito da amizade entre pessoas de sexo oposto, amizade esta vale resaltar, sem qualquer vínculo sexual, carnal (ou seja lá como querem colocar: descabelar o palhaço, funhanhar, tchaca tchaca na butchaca...).

Seria possível ignorar a carência e o frenesi que uma nova "presa" gera em nossos instintos caçadores?

Há quem afirme que este tipo de amizade só é possível quando a etapa sexual é concluída (acabando com o fator surpresa e a sensação de carne nova no pedaço). Apenas conhecendo intimamente alguém é possível conquistar veracidade na amizade (embora amizades de mesmo sexo entre heterossexuais não passam por este questionamento e nem por isso deixam de ser sinceras).

Uma segunda vertente acredita que a amizade pode ser possível se o desejo for reprimido (geralmente acontece quando apenas um dos lados sente a atração). Muitas vezes ocorre o flerte, determina-se que não existe a possibilidade de execução e tudo segue em paz (embora o desejo ronde esperando uma chance mesmo que remota).

A terceira linha de pensamento é ingênua e acredita, assim como Rousseau) na bondade natural do Homem. Afirma categoricamente na existência da amizade livre de tensões sexuais (uma amizade no sentido mais puro). Por outro lado assuntos de cunho sexual estão sempre presentes e portanto seria impossível ter certeza de que ambas as partes ignorem o desejo (especialmente em momentos de extrema carência, ou brigas com namorados (as).

Contudo podemos confirmar esta hipótese nos seguintes casos:

1- Seres assexuados
2- Pessoas frígidas
3- Homossexuais convictos

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Todos nós temos uma razão para sermos felizes
todos nós temos uma dívida para servos dela nos sentirmos
todos nós temos um pecado para negar
e um falso amor arrependido
um trabalho para nos lembrar
que viver é se comprometer
com a família
com os amigos
com os deuses
com o futuro
com a independência
com a política
com o sexo
com o amor
tantos compromissos e tão pouco tempo
(que já não cabe no número 24)
deveria ser infinito
para caber todos os gritos
todo o suor
todo o alívio
para caber o nosso sorriso
e um carinho ao final da nossa "junta" corporal
para caber todo o amor
e os "eu te amo"
para caber você em mim
e pro mundo ter tempo para uma faxina
pra gente ter o nosso cantinho
um pedaço de espaço para dois apaixonados
uma fatia de planeta para abrigar nossos planos.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Bilhete suicida lado A

"Adeus mundo cruel."


Bilhete suicida lado B

Adeus mundo relativamente cruel, de lindas paisagens, mas com catástrofes naturais. Mundo parcialmente conturbado pelos problemas da modernidade e pelos males dos corações apaixonados e sua busca eterna pelo amor incondicional. Mundo ora divertido, ora engraçado, mas que teima em salpicar em nossas vidas pitadas de desespero, saudade e melancolia.

Adeus mundo "semi-malvado", que nos maltrata, mas também nos afaga o rosto com momentos prazerosos e inebriantes. Mundo dos pequenos prazeres pecaminosos da carne, da gula, do jogo, do gozo.

Adeus mundo chatinho, que quando tudo está bem... resolve balançar e abalar as bases, trazendo a tristeza e com ela as salgadas lágrimas do pranto da incompreensão e do remorso.

Adeus mundo "legalzinho", daquele churrasco maneiro na casa do Zé, do luau em que peguei a Matilde, do carnaval inesquecível em 86, daquela noite de sexo selvagem e animal com a Bárbara... mas, porque é que eu ia me matar mesmo?!