segunda-feira, abril 17, 2006

Coitada da caneta

Pense comigo querido leitor... a caneta está com seus dias contados. Hoje não se anota mais nada!!!
O telefone daquela paquera você digita direto no celular, aquele singelo pedaço de papel (cheio de assuntos comprometedores) que antes era passado discretamente entre um aluno e outro até chegar ao destinatário hoje foi substituído pelo "torpedo", os cartões são virtuais, os compromissos, recados e afins já não estão mais na agenda e bloquinhos, encontram-se digitalizados nos palm e laptops da vida.
Em breve as assinaturas serão substuídas por leituras digitais e óticas, já imaginou como vai ser cibernético e estranho pedir um autógrafo? Pra que ficar horas num tumulto dos diabos por uns rabiscos incompreensíveis? Basta entrar no web site oficial do seu ídolo e fazer um download personalizado (mais fácil, rápido e seguro, já que não tem pisada no pé e nem soco no olho).
Eu sei, eu sei você vai dizer, "sendo assim o lápis também está à beira da extinção!"
Mas não é verdade, o lápis é Highlander (e mesmo que o apontador lhe corte a cabeça ele continua lá firme e forte).
Afinal o lápis tem o status artístico, permeia os esboços de desenhos e pinturas e mesmo quem rebata com a arte digitalizada, a pintura e o desenho tradicionais estão aí de prova (séculos e séculos ainda encantando e supreendendo, passando pela fotografia e processos de impressão).
Minha única esperança está nas mãos dos poetas e suas inspirações escritas às pressas nos guardanapos engordurados das mesas boêmias.
Ah caneta, canetinha!!! Que tantas vezes me salvou e acompanhou, prometo que se depender de mim não serás esquecida nunca. Mesmo que este texto todo tenha saído das teclas de um computador.

sexta-feira, abril 14, 2006

quinta-feira, abril 06, 2006

OLD BOY


AVISO AOS NAVEGANTES: O TEXTO A SEGUIR CONTÉM INFORMAÇÕES QUE PODEM ESTRAGAR A FESTA DE QUEM AINDA NÃO VIU O FILME, PORTANTO ESTÃO POR SUA CONTA E RISCO.


Estou passada a black dencker... em pleno 2006, com a doença da vaca louca, do frango gripado, com o terrorismo, transplante de rosto, a tv de plasma e o Enéas sem barba, tabus antigos ainda me causam tamanho espanto.
Fui ver OLD BOY esta semana e saí do cinema meio tonta, meio abalada, meio dã. O filme basicamente se resume em uma só palavra: VINGANÇA... vingança a qualquer custo .
Se o ditado popular estiver certo OLD BOY é a prova disso, já que o filme trata basicamente do seqüestro de Oh Dae Shi e seus 15 anos de cárcere sem ter a menor idéia do motivo e nem de quem seria o mandante. O mistério continua, já que ele é solto sem mais nem menos e a partir daí o filme se desenrola como uma trama de suspense e investigação onde a vingança é a mola propulsora.
Sem saber do paradeiro de sua mulher e filha Oh Dae Shi conta a penas com a ajuda de uma estranha, que compadece da sua desgraça e tenda encontrar a solução.
O decorrer da história nos revela casos de incesto, culpa, auto punição e mais desgraça. O final não é feliz, ninguém retira um peso do peito e segue a vida mais tranquilo, muito pelo contrário, parece que a vingança é a única razão para se manter respirando.
Aí que entra o meu espanto... e vamos falar novamente do nosso velho amigo e algoz o AMOR. Pois o que fiquei me perguntando é até que ponto podemos ultrapassar limites em nome desse sentimento? Perto do desfecho do filme o antagonista faz a seguinte pergunta a Oh Dae Shi:
_ "Eu a amava mesmo sabendo de nossa condição, você poderá fazer o mesmo?"
E foi justamente neste momento que me questionei quanto ao limite do amor, da razão e dos conceitos já enraizados em algumas sociedades durante tantos anos. eu me projetei na berlinda do enredo e não consegui imaginar uma solução melhor do que a morte, suspirei aliviada por nunca ter passado por situação semelhante, mas ao mesmo tempo pensei que não há nada de "impuro" quando não existe a intenção de causar o mal.
Por isso mesmo saí da sala de projeção vazia de posição, pela primeira vez meu id e superego não travaram uma batalha para saber quem está certo, apenas apertaram as mãos e decidiram que o amor é realmente uma causa perdida.